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Análise de crimes ajuda polícia de SP a reduzir em 25% roubos de celulares 

Um estudo realizado pela Polícia Civil no final do ano passado identificou que a maioria dos roubos e furtos de celulares na região da Avenida Paulista acontecia com o uso de bicicletas. Inicialmente, parte dos criminosos se passava por falsos entregadores de aplicativos. As informações indicaram o modus operandi das quadrilhas e ajudaram a polícia a fechar o cerco contra os assaltantes. Uma das ações implementadas pela Secretaria da Segurança Pública para reduzir a incidência de crimes na região foi a Operação Speed Bike, iniciada em janeiro do ano passado. A informação é da Agência SP.

A Speed Bike ajudou a reduzir, de maneira geral, os índices de furtos e roubos de celulares na Avenida Paulista. De janeiro a agosto deste ano, houve 6,8 mil boletins de roubo ou furto de celulares, queda de 25% em relação aos 9,1 mil registros no mesmo período do ano passado. Os dados são do 4º (Consolação) e 78º (Jardins) Distrito Policial, responsáveis pela área.

O planejamento de combate ao crime no local foi desenvolvido pela delegada Ana Lúcia, que atuou por um ano e nove meses como titular do 78º Distrito Policial (Jardins). Após realizar estudos com base nos relatos das vítimas e nos boletins de ocorrência, ela constatou o modus operandi dos criminosos.

78º DP, na região dos Jardins, centro de SP

“Eu e minha equipe notamos que grande parte dos infratores utilizava bags de aplicativos de entregas. Então, a vítima ficava muito surpresa, pois não imaginava que aquele suposto entregador, que estava em uma bicicleta, fosse um assaltante”, comentou a delegada.

Os estudos também identificaram que 46% dos furtos de celulares na área eram cometidos no período da tarde, enquanto 41% dos roubos ocorriam à noite. A Avenida Paulista apresentava a maior concentração de crimes na área do 78º DP, com 32% do total, passando a ser o foco principal da Operação Speed Bike.

Aplicativo Speed Bike

Todas as prisões realizadas pela operação tiveram a ajuda da tecnologia, com o uso do aplicativo Speed Bike, desenvolvido exclusivamente para os policiais que atuam na unidade. O aplicativo gera um banco específico de dados, que possibilita o cruzamento de informações obtidas durante a abordagem com aquelas que já estão no software, ajudando na prevenção e nos esclarecimentos dos casos.

A ferramenta digital propicia a identificação e qualificação do suspeito no local da abordagem. Além disso, o policial consegue ver no aplicativo quantas vezes, dias e horários o suspeito foi abordado na região, se estava em posse de objetos de alto valor ou se portava “bags”. Isso ajudou a polícia a descobrir algo maior do que era previsto.

“As pessoas eram abordadas mais de uma vez em um curto intervalo de tempo ao lado de elementos diferentes. Então a gente notou que existia uma ‘teia’ por trás desses furtos e roubos no local. Eles eram praticados por uma associação criminosa”, comentou a delegada.

Até 30 de setembro, a operação deteve 92 infratores, além de recuperar e devolver 75 celulares às vítimas e apreender mais de 270 bicicletas. A maioria dos detidos, incluindo menores infratores, possui antecedentes criminais.

Bicicleta
A maioria dos roubos e furtos de celulares na região da Avenida Paulista acontecia com o uso de bicicletas. Foto: SSP/Governo de SP

De acordo com Ana Lúcia, a bicicleta vem sendo cada vez mais utilizada pelos assaltantes pela facilidade na fuga. “É um meio de transporte rápido, em que o suspeito consegue subtrair o aparelho da vítima ainda em movimento e fugir. Com a bicicleta dá para subir em calçadas, por exemplo, por onde um carro ou moto não pode passar”, complementou.

As bikes são apreendidas na operação porque não têm origem comprovada. “Normalmente elas são compradas como proveito de um crime cometido anteriormente. Então se o suspeito leva a nota fiscal na delegacia dizendo que a bicicleta é dele, ele tem que provar também como fez a compra”, explicou a delegada. “Isso foi tirando o estímulo de que eles viessem agir na Avenida Paulista.”

Centro de SP

O modelo da operação se expandiu para outras delegacias da 1ª seccional (centro) no início deste ano. Os resultados obtidos pela Speed Bike até aqui também são frutos da parceria com a Polícia Militar.

“Além dessa ação de inteligência da Polícia Civil, na área central nós aumentamos o efetivo com 400 militares e criamos a 3ª companhia de Motocicletas (Rocam) do 7º Baep [Batalhão de Ações Especiais de Polícia]. Isso facilitou o deslocamento para deter esses criminosos que praticam os furtos e roubos na região central, majoritariamente, com o uso de motos ou bicicletas”, destaca o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite.

Entre janeiro e agosto, em toda a área da 1ª seccional, os furtos e os roubos em geral caíram 19% e 28%, respectivamente, em relação a igual período no ano anterior. 

Mesmo com a queda dos crimes patrimoniais na região da avenida Paulista e, em específico, de furtos e roubos de celulares, a delegada alertou para a migração do crime. “Nós continuamos monitorando essa prática criminosa para evitar que os assaltantes tentem agir para outra área. O aplicativo serve justamente para manter esse banco de dados, dessa forma, conseguimos identificar se algum criminoso trocou de local para continuar cometendo os delitos”, finalizou. 

Desde setembro, Ana Lúcia assumiu a titularidade do 12º DP (Pari) para continuar o trabalho desenvolvido na antiga unidade. Quem assumiu o 78º DP é o delegado Alexandre Dias, que já comandava a Speed Bike no 3º DP (Campos Elíseos), área das cenas abertas de uso. 

“Espero continuar o belo trabalho realizado pela delegada Ana aqui na unidade aplicando a metodologia que utilizava no 3º DP, que também é feita em parceria com a PM”, ressaltou Dias.

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