REGIÃO

Especialistas da USP explicam o que as mudanças bruscas de temperatura podem causar à população

Nas últimas semanas, Ribeirão Preto chegou a registrar 6ºC durante a noite e, depois de uns dias, a temperatura voltou a subir para 36ºC durante o dia. Essa variação brusca é chamada de amplitude térmica, quando acontece uma grande diferença entre a temperatura máxima e a mínima registrada em um determinado período de tempo. A informação é da Agência SP.

A meteorologista Michelle Reboita, do Grupo de Estudos Climáticos (GrEC) do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, explica que “a hora mais fria do dia ocorre por volta das 7h, e a hora mais quente é entre as 15h e 16h. A temperatura mínima é afetada pela passagem de massas de ar frio, que podem causar a queda abrupta da temperatura em qualquer hora do dia”.

De acordo com pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), os extremos de temperatura ameaçam a sobrevivência humana e aumentam o índice de mortalidade. Segundo o professor Fernando Bellissimo Rodrigues, do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, “o frio pode matar por conta da hipotermia, pois ocorre a redução da temperatura corporal, que leva ao declínio da função dos órgãos e até a paralisia do coração e da respiração. Já o calor extremo leva a pessoa a transpirar para manter a temperatura corporal e, caso não tenha hidratação, o indivíduo pode desidratar, levando à hipertermia, que também pode matar”. 

Bellissimo acrescenta que crianças e idosos são grupos mais vulneráveis em temperaturas elevadas por terem mais dificuldade para se hidratar devido ao calor. “Um bebê ainda pode manifestar, através do choro, a necessidade de água. Por outro lado, não tem como um idoso portador de demência pedir água. Por isso, os responsáveis por essas pessoas precisam ficar atentos à elevação da temperatura.” 

As variações bruscas de temperatura também podem causar alguns sintomas como o escurecimento visual, sede intensa, torpor, redução da pressão arterial e pode até mesmo levar ao coma. Além disso, a amplitude térmica pode influenciar o aumento de casos de doenças cardíacas e circulatórias, afirma o professor. 

O professor acrescenta que as mudanças de temperatura têm acontecido por conta do aquecimento global, que precisa ser combatido de inúmeras maneiras. “Nós precisamos interromper o uso de combustíveis fósseis como gasolina, diesel, gás e substituir por energia limpa, e também interromper as queimadas na Amazônia, que são um importante foco de emissão de CO2 no Brasil.”

Para o professor, as pessoas precisam se atentar aos cuidados necessários para se proteger dos efeitos negativos das oscilações de temperatura. “Em regiões de clima frio e em dias frios, as pessoas precisam se agasalhar para não sofrer de hipotermia. Para o excesso de calor, precisamos buscar a climatização dos ambientes. Em Ribeirão Preto, por exemplo, temos várias unidades de saúde sendo climatizadas, o próprio Hospital das Clínicas climatizou recentemente seu ambulatório, os ônibus da cidade também estão sendo climatizados. Isso deixou de ser uma situação de conforto e passou a ser uma necessidade de saúde pública.” 

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